Uma das marcas que carrego,
enquanto voluntário do ministério Palavra Amiga, é o de aprender com as experiências
de cada vida aconselhada. Tenho entendido que aprender o que fazer é tão
importante quanto aprender o que não fazer!
Certo dia, o caso de uma pessoa
me assustou: Sonhava com um casamento feliz e amava a pessoa com quem estava.
Casou-se. Planejou uma vida a dois perfeita e filhos lindos e queridos. Eles
vieram. Desenhou também em sua mente a velhice cercada de afetos e netos
afetuosos. Mas o castelo ruiu. No dia em que ligou para o Palavra Amiga [... ... ...]
“Certo dia Pedro e João estavam subindo ao templo... estava sendo levado para a porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos os dias para pedir esmolas... Pedro e João olharam bem para ele...” (At. 3: 1-4)
O episódio acima, vivido pelos apóstolos João e Pedro, é narrado no livro de Atos. A cena segue e se encerra com um fato que ficou famoso: a cura do aleijado, que, após ouvir “Levanta-te e anda”, saltou a louvar e agradecer pelo milagre. Mas um detalhe salta aos olhos, na narrativa da fenomenal atuação do Espírito Santo através dos evangelistas: “Pedro e João olharam bem para ele”.
Conta a Palavra que o paralítico era conhecido naquela região pela mendicância. Certamente, por várias vezes o homem foi “recompensado” com esmolas na porta do templo. Mas não tenho dúvidas de que raras vezes ele foi premiado com o olhar atento de alguém. Você já percebeu como dar esmolas é bem
Imagine que você resolveu tirar férias. Na agência de turismo, lhe oferecem a mais espetacular viagem já feita: a um lugar jamais visitado, uma cidade feita inteiramente de pedras preciosas, como safira, topázio e esmeralda, cujas portas são pérolas gigantes.
Não sei quanto a você, mas o primeiro pensamento que passaria por minha mente seria: “Que luxo!”. Pensaria no quanto os moradores do lugar são ricos. Ricos não, milionários. No quanto devem respirar o cheiro de dólares e resplandecer nos olhos cifrões. Um mundo de “Tios Patinhas”, mergulhando em seus cofres gigantes. Uma terra em que, indubitavelmente, o dinheiro tem muito valor.
A cidade descrita pelo agente de viagens existe [... ... ...]
Às 4 da manhã, da janela do apartamento. Choveu há pouco. O vento frio quer enganar, me dizendo que estou na serra. Daqui de cima, visão da rua. Esquina movimentada? Todo dia, toda hora, mas não às 4 da madrugada.
Até aquele carro da Autarquia de Trânsito, que até as 21hs estava escondido atrás de um caminhão para multar os motoristas, já foi embora.
Observar o “movimento”. Foi o que me instigou a adiar o sono e vir para cá. “Será que algo vai acontecer?”. Algum barulho diferente, alguma descoberta? Sobre mim, sobre a madrugada? Alguma reflexão, alguma resposta que procuro me será dada pelo céu, iluminará a escuridão da casa ou me transportará para algum lugar, sem que eu saia daqui?
Em tempo: não agüento por muito tempo dar uma de filósofo. E me ponho a ouvir um cd que há semanas estava pra escutar. Uma tal de Heloísa Não Sei o Quê, que parece em toda música querer se converter e nunca consegue. Pois bem. Como imaginava, o som me faz companhia e ajuda a ficar de pé por mais tempo.
Pelos telhados molhados das casas, nem os gatos se arriscam a andar. Nenhuma luz ligada nos prédios vizinhos. Pausaram o espaço e o tempo. Completamente.
Peraí. Não completamente. O semáforo na esquina prossegue trabalhando. Parece que ninguém avisou a ele que a cidade está dormindo. E ele assim permanecerá. E penso que tantas vezes fazemos o papel desse semáforo. É preciso saber o momento de pausar, entender a hora de calar, ouvir, aquietar.
Tão acostumados a se desesperar para cumprir horários, manter o ritmo e ainda dar conta da correria dos outros, como o sinal de trânsito, em certos momentos parecemos marionetes eletrônicas, nos desgastando à toa e envelhecendo rápido.
O semáforo às 04hs não tem sentido, é inócuo. Parece esperar que pare alguém à sua frente e lhe dê sentido à existência. Como muitos de nós, que passamos a vida esperando a chegada de algo que nos traga a certeza de que vale a pena mesmo estar por aqui.
Olho pras nuvens e dessa vez não encontro nenhum desenho, revelador ou exótico. Nenhuma figura, surpreendente ou imaginável. Parece que elas hoje não capricharam na arte. Será que elas também dormem?
Não. Estão passando pela minha frente. No mesmo ritmo de sempre. Que coisa! A diferença entre o semáforo e a nuvem. Como sinais de trânsito, por vezes corremos e corremos contra o vento. 30 horas por dia (não inventaram o banco 30 horas?). Até que um dia, de uma hora pra outra, pifamos. Somos imediatamente substituídos naquilo que corremos. E a vida segue...
Enquanto isso, as nuvens, lá em cima, permanecem caminhando. Se corremos ou andamos. Se gritamos ou falamos. Se esbofeteamos ou acariciamos. Elas continuam lá. Ditando o ritmo da vida que faz sentido: aquela que se presta a olhar pra cima e reconhecer que, enquanto os semáforos se atropelam, as nuvens bailam.
Não importa o que façamos. As nuvens não mudarão seu ritmo. Em meio à euforia ou ao caos, experimente olhar para cima. Você verá que as nuvens continuam caminhando, como sempre.
Sendo assim, ajustemos, então, os sinais de trânsito para correrem apenas quando for preciso, no momento certo. Até que um dia aprendamos, mesmo sem sair da Terra, a andar com a leveza de uma nuvem lá do céu.
Um blogueiro (não diga!). Aqui do sul do mundo, “cascavio” a superfície, a maquiagem, a máscara e a história bem-contada. Procuro nas minúcias o relevante, a graça e o inusitado, pois julgo aí se encontrarem os maiores significados. Tento viver D’us leve e profundamente, à medida que tento conhecê-lo, imaginando que a vida não é um tratado. Afirmo que Cristo é minha razão de existir e busco não fazer disso um mero falatório. Acredito na inexpugnável força da amizade, neste mundo de solitários, e cultivo um lindo e rosado amor em forma de mulher, que acrescenta cores, sorrisos e suspiros ao coração. Devaneio que todos podem me ouvir. Não me envergonho de ser humano: luto, choro, defendo, acuso. Grito e sussurro. E duvido. Entretanto, não tenho conseguido fugir do compromisso que tenho com D’us, com o amor, com a vida, com as pessoas e com minha geração. Procuro a Essência da Coisa. Nessa busca, seus comentários são essenciais... Quanto a este blog? Ele reflete tudo isso.